quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vinte e sete teclas com letras. Outras mais com símbolos, vírgulas, pontos, tremas abolidas, rejeitadas. Duas quadras e dois tercetos: sonetos. Dois sexos. Três questões sem resposta. Uma morte. Doze faixas, álbuns mil. Uma mãe. Uma irmã. Uma pequena. Vinte e quatro volumes, uma obra completa. Dois braços, dez dedos, um anel. Duas orelhas, seis brincos, três pares. Sete mares, três marias, cada uma, uma mulher. Trezentas e sessenta e nove frases, quatrocentos textos, duas personagens. Algumas raças, cem santos, um deus, um diabo, novecentas e setenta religiões. Dois quadros, uma ave, uma Eva. Três ponteiros, sete dias, doze meses, vinte e dois anos nunca mais. E eu, o que faço com esses números?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

E se?

E se eu pudesse pôr tudo em palavras:
Exatas,
Fechadas,
Redondas?

E se tu fosses simples
E eu fosse assim?

E se o divã fosse de Morfeu,
Os lençóis no real,
E os sonhos, passado?

E se Freud fosse Krueger,
Virginia, o big bad Woolf,
E Amado menos amante?

E se eu escrevesse,
E tu lesses?
Será que assim,
Eu ouvia de novo tua voz?

domingo, 12 de julho de 2009

Love it!

Love it, love’em, love “tout”!

Well, but I have! – said I
I did it too much.

But… how? How is that? How much?

Much too much:
To the bones, to “mon coeur”;
Through the soul;
yes, even there.

But when, where, whom?

It is of no importance now…

For now, I love still:
Enough of them,
But not enough of each.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Metafísica do divã

Metafísica do divã

Mãe e filha conversam à mesa, depois do jantar e a meio caminho de derrubar uma garrafa de vinho. A filha, que adora ouvir as hipérboles dramáticas de sua mãe, pergunta:

- Mãe, como você imagina o inferno?

- No inferno, não tem nada. Não tem vida. Tudo acabou.

A filha, querendo aguçar a imaginação de sua mãe, insiste:

- Não, eu não quero saber filosoficamente. Quero saber da imagem. Qual o cenário que vem à tua cabeça quando pensas: Inferno?

- Fim. Ausência de esperança e de existência.

- Tá. Mas e o cenário? Fogo, demônios, trevas, sei lá!

- Não... eu acho que o inferno é o cessar de existir... Acabou. Não tem mais nada para você...

Um tanto desapontada com a resposta pouco imaginética e muito existencial de sua mãe, a filha resolve prosseguir:

- E o purgatório?

- O purgatório? – responde a mãe, sem precisar nem considerar. – O purgatório, você fica ali, em análise.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Nebuloso

Nebuloso

A necessidade de escrever
antagoniza o vazio de palavras.
O paradoxo perde seu sentido
na frequência da agonia.

A tempestade de sentimentos
não resolve nada. Nada.
Era melhor que fosse menos...
Ou mais.

O antes reza a pressa em saber.
O depois silencia, sem consentir.
Entre eles só a tempestade.

E as palavras, e os sussuros,
e os lábios, o que dizem?
Não quero ouvir.